outubro 13, 2011

Do medo

Acho interessante como a humanidade está ficando destemida, pelo menos é o que ouço em todos os lugares. Hoje em dia todo mundo é foda, desbravador, sem papas na língua, corajoso, ninguém se prende a sentimentos inúteis como o amor, é melhor bater antes de levar, deixar antes de ser deixado, magoar antes de ser magoado, eliminar sentimentos que possam enfraquecer e todos são muito felizes assim, com suas roupas e personalidades que se enquadram perfeitamente no conceito de fodões.
Eu não me identifico. Eu tenho medo de várias coisas. De barata, de escuro, de fantasma quando estou sozinha, de perder quem eu amo, de magoar pessoas queridas, da violência da minha cidade e, acima de tudo, de passar a me identificar com os fodões. Acho também que não se leva nada da existência que não seja o sentimento que cultivamos pelas pessoas. Eu amo mesmo e pulei de cabeça, nunca achei que havia outra opção. E assim, de dentro do meu medo, eu valorizo coisas que são consideradas inúteis. Não quero competir, mas algo me diz que sou mais feliz do que quem nunca perde a pose. Eu perco. Sempre.