dezembro 16, 2007

God knows we're lonely souls

Sozinha
Como quem espera
o que não pode ser esperado.
Como quem engole o último soluço
antes da calmaria.
Sozinha
Patologicamente só
Num momento perdido entre a tênue energia
que fica parada no meio dos mundos paralelos.
Matéria e antimatéria de solidão.
Vísceras em nó, sorriso partido
no reflexo do espelho que mente.
Sozinha
Enquanto o dia amanhece lá fora
Anoiteço em mim.

dezembro 15, 2007

Yuck.

Homens são ridiculamente previsíveis. Que merda que preciso deles. Que bom que tendem a morrer antes que as mulheres.

novembro 16, 2007

Boohoo

Agora que tenho quase 30 anos, virei esse personagem caricato desses filmes de comédia barata. Parece que quanto mais velha eu fico, mais infantil eu me torno. Os hormônios então piraram de vez, não é raro eu me pegar agindo feito louca. Rindo sozinha sem motivo ou chorando sem parar (com motivo, mas...). Ando mesmo curiosa para saber como é possível uma pessoa chorar 3 dias sem parar - Tá, eu parei pra dormir, mas no meu sonho eu também estava chorando! Mas que bela merda essa de amadurecer! Quando eu era adolescente eu me achava toda almighty, quase uma heroína, a protagonista de um filme interessantíssimo. O tempo passa e eu começo a notar que não sou mais aquela coisinha engraçadinha, estou mais para uma coisa hilária mesmo e aquele tão querido filme que eu achava estar estrelando é um puta filme B, que nem o diretor leva a sério.

A boa parte é que agora começo a me lixar de forma mais incisiva para o que os outros pensam e ando fazendo coisas que jamais faria há alguns anos atrás. Usar franja é uma dessas coisas (sempre tive a maior implicância com gente negra de franja - olha eu), dormir é algo que saiu da minha rotina também, trabalhar e não render nada, tomar uns 4 banhos mesmo em dias frios para chorar as mágoas melhor. É essa coisa nova que tenho agora. Sim, porque todo mundo toma pé-na-bunda, tem decepção amorosa, se separa e eu, inclusive, tenho a bunda com mais marcas de pé que conheço. Para ser bem honesta, nem doía mais. Entretanto, agora que estou ficando senil, eu tenho essa coisa nova: chorar. E não é um chorinho daqueles que a gente dá umas fungadinhas e passa, não. É aquele que parece uma inundação, como se o muro da represa tivesse caído. O rosto vai ficando quente, os olhos marejados e essas lágrimas grossas vão caindo no meu peito - note que eu disse caindo e não rolando pelo rosto. Se eu não estivesse ocupada inundando meu decote eu até acharia engraçado.

A coisa toda se agregou a minha rotina de uma forma tão real e constante que já tenho técnicas para chorar em lugares públicos sem que ninguém perceba e até em casa. Outro dia levei o cachorro para dar uma volta na praça, aproveitei que estava vazia e abri o berreiro. Logo apareceu um guardinha, sei lá de que buraco, para saber se eu estava bem. Eu só queria chorar alto, moço, eu disse entre soluços e com o nariz escorrendo, um charme. Ele fez aquela cara que se faz quando alguém maluco diz algo. Fez menção de se afastar, mas resolveu colocar a mão no meu ombro e dizer que tudo ia melhorar. Oras, que idéia! É claro que chorei mais ainda. Esse deve ter sido assim o ponto alto do meu filme B pessoal: chorar no peito do guardinha da praça enquanto meu cachorro abraçava a perna do sujeito com intenções sexuais. Ainda bem que não me perguntou o porquê, eu nem teria uma resposta melhor do que:"Não sei, um dia acordei e não parei mais de chorar, que inusitado, não?"

E ainda tem gente que vem com aquele papo de chora-minha-filha-que-faz-bem. Pois sim. Todas as músicas parecem dizer algo diretamente para mim. E não é nada de natureza emo, não me entenda mal. Eu não penso em me ferir, mas as comportas estão abertas. Eu chorei assistindo "Os Simpsons" no outro dia, peloamordedeus. Eu contaria mais sobre técnicas lacrimosas, mas está na hora da minha choradinha matinal.

[Cry me a river]

outubro 30, 2007

Entre-vidas

Porque eu sinto que a transição está muito próxima, quase tão tangível quanto o medo de fracassar - oras, é claro que este existe, eu sou apenas humana. Porque eu tenho quase certeza que é por agora. Sei porque quase toda mudança dói, excita, atrai, revira o estômago e invade. Chega devastando com tudo que você achava confiável, como um furacão. E no fim, normalmente, você nota que foi o que poderia acontecer de melhor.
Porque eu ando correndo atrás da mudança, daquele prêmio final. Eu me comportei na maior parte das vezes e as outras são tão perdoáveis...
Mãos estendidas qual uma criança esperando por um doce. Eu querendo preencher o vazio, seja com uma idéia, um objetivo, um bem material ou, simplesmente, outra mão.

[I wanna hold your hand]

outubro 24, 2007

Silly beans

Okay. Fica sacramentado aqui o dia em que eu assumi que sou uma romântica incurável, do tipo que acha que sofrer de amor faz parte do sentir-se viva e acredita em toda aquela bobagem que a televisão ensina sobre amor que dura e afins.

Eu mereço um tapão. Mereço sim.

***

Estúpida e desastrada.
E consciente disso.
Não percebe sutilezas, mas não gosta da falta delas.
E não gosta da analogia do coração.
Coração não se enche de alegria
Coração não se enche de amor
Coração não se enche de saudade
Enche-se apenas de sangue.
Enche-se apenas.
Enche-se
Enche.
(Publicado em Outubro - 2005)

outubro 17, 2007

I alone


For Kamil who is into cameras,
taught me about frames,
and who I always miss.

***
É fácil sofrer de solidão aguda, assim como é simples ser infeliz. O difícil - e tão mais legal - é ser feliz. Na lista de coisas que eu quero tem o seguinte tópico agora: Ser uma pessoa mais distante (fond, but not in love). Não digo esse tipo de coisa de forma hipócrita, como quem se decepcionou. Entretanto, saudade e solidão andam de mãos dadas e eu tenho medo de dejà vu.

[It's all wrong. It's allright. It's all wrong.]

outubro 11, 2007

Wine lover


Vinho é bom e perigoso. Sim, é a única bebida que adoro beber sozinha. Sendo assim, o saldo de hoje são duas garrafas e meia de vinho tinto. Para curar a insônia, as paranóias e calar a evil Leela - que sempre quer destruir a minha felicidade. Ah sim! E Geliebte sou eu, em alemão.

- Eat me, drink me -

outubro 10, 2007

Over the rainbow

O novo álbum do Radiohead, IN RAINBOWS, lançado oficialmente hoje foi realmente distribuído de graça para quem se inscreveu no site ligado à banda. Enquanto isso, no Last FM ninguém ouve outra coisa e a aceitação é bem alta. Especulações a respeito da melhor faixa já acontecem (bobagem, não consigo escolher). Deve ser algum tipo de novo record: tanta gente ouvindo a mesma coisa simultaneamente no mundo todo. E mesmo que a minha opinião a respeito não seja nada imparcial, eu não me vejo ouvindo outra coisa por muito tempo.


[In Rainbows is my boyfriend and he sure knows how to f... my brains out]

outubro 07, 2007

Isadora.

Eu queria que você estivesse aqui para te contar como sou infantil, como me entrego fácil ao primeiro geniozinho que aparece, como ando apaixonada por alguém ultimamente, como choro às vezes sem motivo algum, como pequenas coisas me fazem feliz algumas outras vezes e como o tempo cura quase tudo.
Menos a saudade que vamos sentir.

[The moon would freeze and the plants would die]

outubro 06, 2007

Tests

E um desejo imenso de fazer qualquer coisa que não seja isso.

[Du liebst mich nicht - aha]

outubro 04, 2007

Fields of gold

Eu estou por aqui sim, mas é que só penso em campos dourados ultimamente. Se você me conhece, sabe bem o que acho do ato de escrever quando se está num estado semelhante ao meu...

[We'll forget the sun in his jealous sky as we lie in fields of gold]

---

Prosopopéia flácida para acalentar bovino

A mentira é a condição primária da poesia e do amor.

Quem não pode entender isso, não está apto a escrever ou amar.
Entretanto, eu posso estar mentindo.


Da ordem das coisas
Arrumando a cama, dobrando lençóis
movimentando colônias de ácaros que repousam sobre o leito.
Cada coisa em seu lugar pré-estabelecido,
ainda que não se saiba por quem definido.
Movimentos iguais, ainda que sejam lençóis diferentes.
A parede como testemunha, vê o filme da vida alheia passar em câmera rápida.
O dormir, acordar, arrumar, ler, sorrir, chorar, sorrir outra vez e dormir de novo.
E tendo visto isso, lá de sua realidade branca, a parede se contenta com suas mudanças periódicas de cor.

(Publicados em 31/07/2005)

setembro 15, 2007

Matemática II

E precisou um de dezoito para ensinar uma de vinte e nove que o clichê acerca do jeito de ser masculino tem exceções, que pequenos gestos podem ser enormes e que impossibilidade é extremamente relativo.

[2+2=5]
(Two & two always makes up five)


setembro 06, 2007

Matemática

29 anos de idade

23, 24 anos na aparência, segundo diz o povo que trabalha comigo

15 anos de idade mental

9 anos de idade no tocante às habilidades para se relacionar com o sexo oposto

No fim das contas, eu fico com um quociente de aproximadamente 19 anos, que é justo.


Não fez sentido? E desde quando matemática faz algum?? Eu hein...

setembro 05, 2007

German gift


Chocolate com marzipan de verdade e um monte de outras coisas muito engordativas e deliciosas vindas diretamente da Alemanha no pacote mais bonito EVER.

Danke. Du bist wunderbar, mein schönen Freund!

setembro 02, 2007

Altas horas de qualquer dia desses, enquanto minha mãe exercitava a mais nova mania de velho dela - ouvir rádio AM, o locutor dizia:

- E então Mário José? Você quer mesmo é uma mulher, é isso?

- É isso. - respondeu o Mário José - peão de obra, 48 anos - imediatamente.

- Mas você já teve alguma mulher na vida? - O locutor perguntou com um ar intrigado.

- Já tive sim. Umas não enxergavam, outras enxergavam... - Mário José falou pensativo arrastando seu sotaque.

Rimos as duas do Mário José, mas no outro dia ela me contou que até o fim do programa, nosso ilustre amigo já tinha um encontro marcado com uma mocinha que não enxergava. Para completar, ela me perguntou se eu queria o telefone da estação de rádio.

Tão NÃO engraçado...

agosto 30, 2007

O meu trato com a tristeza sem motivo e a auto-piedade está quebrado. Começando agora.


Vou crescer pra variar um pouco.

Current music: Smile like you mean it - The Killers

agosto 29, 2007

- E o sobrenome?

- Quer saber o que é meu sobrenome?

- Sim.

- Uma ironia dos céus. É isso.


***

Rabbit in your headlights - UNKLE feat. Thom Yorke

Uma música linda e um vídeo que traduz um estado de espírito.

agosto 21, 2007

Insanidade


Quase balzaca, eu descubro que já estou ficando esclerosada. Sim, não sei outra explicação para ter 4 calcinhas iguais. Não mesmo.

[Baby did you forget to take your meds?]

agosto 19, 2007

Medo.

Medo de acordar simplesmente porque - against all odds - ele me faz feliz. E eu não paro de sorrir.


[I have a secret smile only for you]

agosto 17, 2007

Mondo Cane para solteiras.

Levar Fritz - meu cachorro - para passear é a melhor coisa pro ego EVER.


Ainda ontem, quando levando meu amigo peludo para dar uma volta na rua, um cara se aproximou, mexeu com o cachorrinho, me encarou e disse: "Você é a mais bonita do Rio de Janeiro." Cantada das piores, sim. Daquelas que respondi com uma gargalhada de surpresa, mas ainda assim, houve algo de engraçadinho quando me virei para ir embora e ele ficou esbravejando para eu não ir, parado no meio da rua.

Você também amaria meu cachorro...

agosto 15, 2007

... Então eu não durmo.

A escuridão se fecha sobre mim e eu quase sinto você ali. Minhas mãos deslizam pra baixo do cobertor e a próxima coisa que sei é que é manhã de novo.

Que desperdício.


[English Version no Ultravellocet]

agosto 14, 2007

E agora que todo dia acho um novo blog chamado CERA QUENTE na web? Ontem achei um com os mesmos títulos na navegação. Interessante, no mínimo. Quantas de mim será que andam por aí? Será que todas elas não sabem pra aonde estão indo? Será que cada uma delas gostaria de hibernar por uns meses? E se eu mudar o nome daqui? Será que mudam também?

Um beijo a todas minhas clones. É uma honra.

agosto 09, 2007

Current mood: rindo à toa

O fato é que só escrevo bem se eu estiver infeliz.
Então dá pra ficar alegre por mim pelo fato de eu não escrever nada que preste ultimamente, certo?

agosto 04, 2007

Uma das vantagens de se estar encalhada (nada de eufemismos) é não precisar aturar o futebol de sábado à tarde.

[I'm a creep, I'm a weirdo... yada yada yada.]

agosto 03, 2007

agosto 02, 2007

Travessia

Passando de carro pelo local do acidente, viu cada pedaço retorcido de metal e os restos de vidro quebrado. Pequenos quadrados tal qual diamantes brilhando contra o sol. Os dois corpos estendidos já cobertos com plástico preto. A mão de um deles, descoberta, poderia ser esmagada por um carro a qualquer momento. Olhou bem aquela mão e a reconheceu.

A marca de nascença nas costas da mão parecendo o mapa da Itália. Mesma posição, mesma mão. Exatamente aquela mão que tinha beijado tantas vezes, chupado os dedos, segurado ao andar pelas ruas. A mesma maldita mão que acariciou seu cabelo, amparou suas quedas, pousou em seu pescoço, tocou seus lábios, massageou seus pés, brincou com seu umbigo, segurou seus seios, lhe puxou pela cintura, serpenteou entre suas coxas, adentrou, criou as mais intensas sensações em seu corpo e um dia lhe acenou um adeus indiferente.

Com olhos marejados, ela acenou de volta timidamente para o corpo estendido. Posicionou as únicas mãos que tinha naquele momento no volante e foi em frente.

Finalmente.

English Version

julho 31, 2007

Ainda que seja cedo para um bloqueio, aqui estou eu: mais bloqueada do que nunca. Não por falta de idéias - elas fervilham em minha cabeça. Todavia, é por mera incompetência que não consigo forçar sua saída. Não vou culpar a gripe que se agarrou ao meu corpo e ficou e muito menos a impossibilidade de viajar nessas férias. É a pura preguiça e a maldita falta de organização interna. Ou talvez não seja nada disso. Talvez seja eu simplesmente não escrevendo torto por linhas certas. Ou apenas, de forma concisa e seca, a necessidade de silenciar. A mesma que digo ter e ironicamente, nunca me permito. Meu hobby é não engolir palavras, mas deixá-las fluir a esmo, sem sentido, intensas apenas pelo prazer de vê-las pairando no ar ou pendendo no papel e na tela luminosa. Sou, como qualquer um que escreve, uma manipuladora de verdades. E ainda mais, de mentiras - as mais reais possíveis.

julho 27, 2007

Eu que me apaixono todo dia, seja por pessoas, músicas, filmes, livros, coisas, animais ou clichês, me pego surpreendida ao perceber que ultimamente me apaixono por uma mesma criatura a cada dia e de maneiras diferentes.

Primeira vez.

current music: Mars - Micatone

julho 23, 2007

The new adventures of old Leela

Tenho essa impressão ultimamente de que vivo em um sitcom onde, obviamente, sou a protagonista. É uma daquelas séries na qual a personagem principal sempre se dá mal, assim para ter graça. A mesma tem um quê de loser, mas é boa gente e sua vida afetiva é de um fracasso caricato, claro. Tragicômica. Não fosse assim, não haveria programa, certo?

Desta maneira, se esse blog fosse religiosamente atualizado poderia virar um bom roteiro de comédia insossa. Uma nada sutil série de comédia sobre uma fulana ácida de doer e suas tentativas em todos os campos de sua so-called vida.

E daí vem a sacada de mestre de quem anda dirigindo essa porqueira: se a personagem conseguir deixar tudo certinho na vida, o programa perde o sentido. A graça toda - para outrem, certamente - reside é nas tentativas mal-sucedidas recorrentes.

É com base nesta nada lógica e muito menos inteligente reflexão que decidi fechar a conta do presente blog quando num dia - longínquo, eu me encontrar pelo menos com a vida afetiva encaminhada. Não é uma promessa feita a alguma entidade das trevas, é o medo de contaminar a minha fama de ácida-mal-humorada com frases feitas cafonas e fotos de algum cretino que em alguma instância há de me sacanear feio.

Pois é, eu andava disfarçando, mas continuo a mesma.
Imagem: Inmagine
P.S.: Não, o blog não vai acabar, não.

julho 17, 2007

Sobre o mau humor.

Eu tenho dias de bom humor. Sim, dias. Alguns.
Porque dias não são nada quando comparados a anos de mau humor.
E só para esclarecer bem as coisas: Mal amada sim.
Muito.
Mais alguma pergunta?

julho 16, 2007

Guerra.

É sempre uma relação de opostos
A sensação dos dedos tocando o teclado frio descendo pela espinha e serpenteando âmago adentro para combater o que há de tépido e escala vísceras acima na velocidade da luz.
E ele, alheio à guerra que ocorre desse lado, lê as notícias do Iraque para mim.

julho 15, 2007

Da insônia e outros demônios

O dia amanhecera trôpego e soluçando, a luz preguiçosa esgueirou-se para tocá-la no joelho. Ao perceber, fez um gesto de impaciência e virou-se, da mesma forma que fizera durante todo o tempo em que estivera deitada procurando o sono. Mal sabia que ao descer do táxi na volta pra casa, naquela madrugada, tinha  deixado seu sono cair entre o meio fio e o asfalto. Sonolento, como é de sua natureza, o sono rolou devagar e se perdeu dentro do bueiro. E ela, sob a sombra da ignorância, se preparou para se entregar a quem nem estava presente.
Entregue ficou aos contornos do lençol que lhe abraçavam. E a música que escalava seu pavilhão auricular sorrateiramente. Levou horas para descobrir o porquê de não conseguir pegar no sono e sozinha com seus pensamentos, realizou que tinha medo. Terror de estar sozinha consigo mesma.
Sentou-se na cama, alcançou o telefone e discou com dedos errantes. Ninguém atendeu. Cedo demais para pedir socorro. Recorreu à internet e ninguém amigável respondeu. Começava a suar frio, quando ele, o sono, chegou ainda molhado e ferido pela queda bueiro abaixo até o esgoto. Cheirava mal e se arrastava de tão enfraquecido.
Ela não se importou, amparou e o pegou nos braços levando-o para debaixo das cobertas. Beijou e acariciou seu sono e toda a realidade em volta se dissolveu.
A cidade acordava.

julho 13, 2007

A volta.

O blog segue existindo. Insistência genuína em manter-se num local ou tempo que não volta. Palavras que deviam se entrelaçar, mas seguem escorregando umas das outras. O que era tão fácil antes, agora é tão aflitivo devido à falta da prática. Ainda assim, lá de dentro, essa vontade de tocar os olhos e mentes de outrem. De criar com papel e caneta a realidade paralela e fazer cada um acreditar que a mentira que desenho em palavras é verdadeira.
E a cada vez que os dedos tocam o teclado, a pseudo-certeza de que agora em diante será para sempre. E será. Até o dia em que terminar.

Eu voltei.


Photo by my sweet, cute and piękny Kamil.