abril 06, 2015

A eterna problemática capilar

Tyra Banks
É bem verdade que a questão da aparência dos cabelos não se restringe à raça, credo ou gênero, mas eu garanto que quando falamos de um grupo problemático nesse quesito vale citar as mulheres negras, como eu. Não só passei a vida tentando modificar meu cabelo para ter a aceitação social e pessoal (sim, eu me perguntava o que estava errado comigo), como também sofria por nunca ter cabelos longos. Eu sempre detestei ter cabelos curtos e jamais consegui mantê-los bonitos e saudáveis para que chegassem a ser compridos. 

Hoje em dia, em meio a um grande movimento de aceitação de nossas raízes, vejo muitas mulheres negras buscando seus cabelos naturais, perdidos no tempo e entre alisamentos. Cabelos que a maioria nem sabe ou lembra como eram originalmente. Eu me enquadrava nesse perfil, parei de processar meus cabelos quimicamente, comecei a deixá-los crescer para conhecê-los melhor. O cabelo que foi nascendo é muito mais forte, brilhoso e bonito. Fui cortando as partes relaxadas para diminuir a aberração que é ter dois tipos de cabelo ao mesmo tempo. 

Entretanto, tudo caiu por terra quando - já de cabelo super curto - descobri que teria que cortar bastante mesmo para ter um cabelo mais apresentável e todo natural. Não me leve a mal, o meu cabelo sem química, que deixei crescer por meses e meses, é lindo de verdade, mas não consegui me comprometer com duas texturas ao mesmo tempo e muito menos cortar o cabelo mais curto do que está agora e relaxei tudo de novo.  
Admito que gosto do cabelo alisado porque me dá muito menos trabalho no dia-a-dia do que quando era enrolado, embora custe pouco para ficar feio e sem vida e começar a quebrar. Eu não compartilho da opinião de algumas pessoas que acham que porque sou negra TENHO que usar meu cabelo natural. Para mim esse tipo de atitude é igualzinha a dizer que tenho que usar alisante para parecer mais bonita. Por ser um ser humano, eu usarei meu cabelo como eu achar que mais me convém e me alegra o fato de saber que sempre posso modificar tudo ou raspar e começar do zero.


Vivendo na terra do tio Sam e observando a comunidade negra aqui, é notório que pelo menos 80% das mulheres usa perucas e apliques e seus cabelos parecem cabelos de estrelas de Hollywood. Ao chegar aqui, me deixei seduzir pelos apliques que gostei de usar em ocasiões especiais. Mais recentemente, me rendi e comprei uma peruca. O plano era praticamente raspar o meu cabelo e deixar crescer no natural protegidinho embaixo de uma peruca cheia de glamour. Perfeito, né? Seria, se eu não me sentisse absolutamente ridícula, paranoica e desconfortável toda vez que a estou usando. A coisa mais estranha é que todo mundo elogia dizendo que fiquei ótima (não vamos nem analisar o porquê), mas eu me sinto um ET, cismada que as pessoas estão olhando e rindo de mim - internamente. Muitas vezes me obrigo a usar, já que foi uma fortuna, mas a melhor parte do dia para mim é quando entro em casa e tiro a peruca.

Só falta um mega hair agora...

fevereiro 18, 2015

Sexta-feira 13


Não bastava o fato de eu, garota da cidade convicta e moradora de apartamentos a vida toda, morrer de medo de morar numa casa num lugar calmo até demais, a ida do meu marido à Suécia a trabalho tinha que acontecer. Nos dias que precederam a viagem até achei que eu tiraria de letra já que ele aceitou instalar um sistema de segurança para que eu pudesse ficar mais tranquila.
Só que essa tão esperada tranquilidade não veio. Cada noite era um pouco mais escura e aterrorizante do que a noite anterior, até que chegou a madrugada de sexta-feira.

Eu estava dormindo profundamente quando meu marido me ligou da Suécia (pela quinta vez) e me acordou. O tom de sua voz era inquieto e demorei a achar o sentido do que ele dizia. Finalmente consegui entender que ele estava me perguntando se a empresa de segurança não tinha me ligado. Quando respondi que não, ele prosseguiu me informando que o sensor de movimento dentro de casa tinha disparado. 

Foi igual tomar um banho de água gelada! Despertei na hora diante da possibilidade de ter um intruso dentro de casa quando eu estava sozinha e cercada no segundo andar. Com o coração na boca, não conseguia mais acompanhar o que meu marido dizia em uma tentativa inútil de me manter calma. Meu pavor cresceu quando percebi que nosso cachorro estava de pé e alerta no canto do quarto, praticamente vi a minha vida passar em frente aos meus olhos.

Subitamente ouvi a campainha e o cachorro pôs-se a latir, meu marido dizia do outro lado da linha: “É a polícia! Vá abrir a porta!" e eu teimava que não queria descer as escadas e ser surpreendida pelo criminoso/serial killer/estuprador que estava lá embaixo. Dei-me por vencida quando meu marido me avisou que se eu não abrisse a porta, eles arrombariam.

Desci as escadas de camisola, descabelada e petrificada. Abri a porta e dei de cara com uma policial, parecendo aquela típica cena de filme: uniforme marrom, super séria perguntando se eu estava sozinha. Fiz que sim com a cabeça e ela entrou, com uma lanterna e uma arma e começou a checar a casa. Eu ia atrás, trêmula e o cachorro latia no segundo andar.

A policial comentou que ele latiria se houvesse alguém em casa e que ela tinha checado o perímetro e não tinha visto nenhuma pegada ao redor da casa (sim, pegadas na neve são fáceis de identificar). Ainda assim, na minha cabecinha medrosa, eu achava possível que alguém pudesse ter entrado em minha casa (ETs ou tele transporte, vai saber...), pedi que ela checasse o tão temível porão e ela atendeu prontamente: Nada. Tudo trancado e nenhum indício da presença de ninguém.

Foi então que ela, a salvadora da pátria, descobriu que a persiana em uma das janelas da cozinha tinha caído e acionou o sensor. Acho que mereci, pois quem manda comprar as persianas mais vagabundas que consegui encontrar? Me despedi dela lembrando que eu tinha pensado na noite anterior que algo aconteceria na sexta-feira 13. Eu estava certa, só que não encontrei nenhum Jason Vorhees, só Murphy e sua lei.

Blogueira do século passado com orgulho

Eu não tenho dúvidas que o conceito de blog mudou radicalmente desde que comecei a me autodenominar 'blogueira' há alguns anos. Tenho certeza também que os blogs de hoje em dia são bem mais úteis já que trazem informações, artigos de formadores de opinião, prêmios, etc. Os blogueiros de hoje em dia são praticamente pequenos empresários. Confesso que os admiro demais, mas eu sou uma blogueira à moda antiga. Deixei-me contaminar por certo cinismo ao notar que eu estava completamente démodé e obsoleta no mundo virtual das palavras. Comecei a escrever de forma contida e envergonhada, com medo de me expor demais, segurando sentimentos com toda força para que eles não pudessem transbordar e invadir minha prosa. 

Só me faltou mesmo perceber que sem eles, os sentimentos e a exposição, eu não tinha nada - nem prosa e nem verso.


Voltemos à antiga programação.

janeiro 26, 2015

Pelo direito de parir ou não.

Quando eu era mais nova, sempre achei que um dia eu  ia querer ser mãe. Fazia pleno sentido já que sempre gostei de crianças e me considerava ótima para lidar com elas. O único detalhe é que essa vontade nunca veio, penso que o tal relógio biológico pode estar quebrado ou sem bateria. Veja bem, eu não afirmo que jamais vou querer vivenciar a maternidade, mas eu devo admitir que só de pensar a respeito já me corre um calafrio de terror espinha abaixo. 

Estando casada há quase dois anos e tendo a minha idade, as pessoas já começaram a interferir na minha escolha, - nada de novo aí, eu sei - mas o meu problema reside no fato de morar numa cidade considerada pequena e num país diferente daquele onde nasci. Me assombra como um lugar que praticamente governa o mundo em termos de avanços tecnológicos, científicos e até sociais pode ser onde estão as pessoas mais conservadoras e de mentalidade mais tacanha que já vi. Eu bem sei que toda vez que alguém se casa, as cobranças alheias começam, especialmente vindo dos mais velhos. Todavia, o que vivencio aqui é um pouco mais profundo.

Não existe um dia que eu não ouça uma indireta de alguém acerca do pouco tempo que tenho para engravidar. Que coisa mais cansativa! Olhares de reprovação de uma pessoa mais jovem do que eu porque eu disse que não queria ser mãe. Muitas vezes as pessoas estão felizes em me conhecer, fascinadas com a minha nacionalidade e tudo isso cai por terra se por ventura tocarmos nesse assunto. É como se eu fosse uma pessoa má por não querer ter filhos, incompetente por não estar preparada para ser mãe, preguiçosa, egoísta e mais um monte de adjetivos não muito legais. Me causa muito estranhamento ouvir no século XXI que o único motivo para duas pessoas estarem juntas é ter filhos ou que meu marido, que nem sabe se quer filhos, vai me culpar de tê-lo privado de ser pai no futuro e me deixar por alguém mais nova que possa realizar o desejo dele, ou ainda, que eu nunca serei completa por nunca ter parido ninguém ou não terei alguém para cuidar de mim quando for velha (e a egoísta sou eu).


Pensando com meus botões e me conhecendo bem, acho que essa pressão exterior me faz ser mais aversa ainda à ideia de ter filhos, cada dia um pouco mais. Onde está o meu direito de escolher o que quero para mim? É muito fácil julgar quando não a pessoa não vai vir até aqui trocar fraldas sujas, amamentar, ficar sem dormir e pagar pelo custo de ter um filho por mim. Já ouvi piadinhas também por ter um cachorro. Alguns acham absurdo que alguém possa ter afeição por um animal, mas não queria crianças.  Sim, porque as pessoas acreditam mesmo que não são ignorantes ao tentarem forçar suas escolhas, preferências e opiniões na vida de outrem. O meu enjoo ultimamente é tanto que até passei a gostar menos de crianças do que eu gostava antes.

Pode ser que eu um dia mude de ideia, pode ser que engravide de forma indesejada, mas existe a possibilidade que eu nunca seja mãe e seja muito mais feliz por isso. Só gostaria mesmo de exercer o meu direito de decidir o que é melhor pra mim sem ter nenhuma patrulha  - preconceituosa - da moral e da normalidade me dizendo o que devo fazer com minha vida. E já que estou no assunto, o mesmo serve para a escolha do parto, caso um dia eu  tenha um.

Fica meu apelo: parem de parir pela vagina alheia!




setembro 05, 2014

Terror

O que não te dizem na vida é que casas estalam e fazem barulhos. Você se muda pra uma e leva toda a sua bagagem de filmes de terror e suspense já assistidos. Daí começam os estalos, a madeira rangendo e a água que pinga às vezes...Você passa a se lembrar do filme mais estúpido que já assistiu - e até riu debochando. Filmes de terror são bons assim porque voltam para te assombrar até mesmo quando são ridículos. 

Isso ou o ridículo é você - quando digo você, só quero fingir que não sou eu.

agosto 11, 2014

Insônia

Eu acho a Marcha Fúnebre (Chopin) uma das músicas mais lindas já compostas na história da humanidade.

Me julgue.

julho 18, 2014

Lenitivo

Eu sempre penso nas palavras da minha mãe sobre o meu primeiro dia de aula quando era pequena. Ela conta que não chorei, apenas acenei pra ela e fui em frente cheia de coragem e alegria por estar lá. Eu fui feliz até descobrir que por não ser igual às outras crianças, eu era tratada diferente. Passei a chorar todo dia para ir pra escola, até atingir uma idade em que chorar seria vergonhoso. Observava pela janela da sala de aula do jardim de infância, esse menino que era absolutamente enorme, tinha medo dele e o considerava sortudo porque ouvia as outras crianças dizendo que ele era extremamente forte e batia em todo mundo.   

A minha puberdade foi um inferno em todos os sentidos que se possa imaginar, mas os piores momentos foram na escola de freiras onde eu estudava. Sendo uma das únicas meninas negras da escola inteira, eu me via sofrendo bullying diariamente, sendo xingada, diminuída, comparada com as outras meninas negras para decidirem qual de nós era mais aceitável. As meninas me consideravam como alguém inferior, uma coitada, que elas acolhiam por pura bondade e os meninos sequer olhavam para mim, salvo quando estavam me dando algum apelido pejorativo ou me humilhando. Naquela época eu lembro de me esconder atrás dos meus brinquedos para não ter que lidar com o sentimento de inadequação, sentia que existia alguém para todo mundo, exceto para mim e achava que viveria uma vida de perseguição e humilhação.

Uma tarde, em algum tempo vago, permaneci na sala de aula enquanto a maior parte da turma se divertia no pátio. Fiquei jogando com aquele menino que outrora tinha achado temível e sortudo, ele era meu colega de classe e era excluído pelo resto da turma também, mas ninguém faltava com o respeito porque ele continuava muito alto e forte. Em algum momento do jogo, ele parou, me olhou nos olhos e falou: “Um dia eu me casarei com você." Surpresa, eu não sabia como agir. Só sorri e continuamos jogando. 

Hoje, casada, me lembro sempre dele. Não porque acho que deveríamos estar juntos, mas por ter sido ele a primeira pessoa a me fazer acreditar que ser amada seria possível. 



julho 07, 2014

Facepalm

Me pergunto porque sigo errando coisas que já estou careca de saber. Como por exemplo: achar a vaga de emprego sob medida para meus interesses, perder uns dias criando um currículo perfeito, cover letter, arrumando site e perdendo a vaga porque alguém mandou o currículo antes. Obviamente.

junho 03, 2014

Dexter

Dexter é um cão branco, um filhote de American Eskimo. Nós compramos essa criaturinha antes mesmo de comprarmos nossa mobília, ele é um dos nossos primeiros grandes projetos dentro do casamento, ele é nosso bebê, e sempre será, antes de termos filhos, é uma bolinha de pelos e amor incondicional que morde às vezes, achando que é brincadeira. 

Esse carinha é quem conseguiu roubar os nossos corações e transformou o medo de cachorros do meu marido em amizade e carinho. Ele é assim praticamente perfeito em seus quase quatro meses de vida e sua semelhança com vários animais diferentes.

Seu único defeito é ter uma expectativa de vida de somente 15 anos que faz meu peito ficar pesado, mas aí ele vem, orelhas para trás, pedir colo e me lembro de aproveitar o agora, assim como só os cachorros sabem fazer.

maio 08, 2014

Mais amor, por favor

Não acredite em todas as coisas ruins ditas sobre casamentos. A verdade é que enquanto os amargos teorizam sobre sua falta de experiência ou maus momentos, eu e ele nos sentamos no sofá no fim do dia abraçados, nosso cachorro deitado em nossos pés, e fazemos planos para o futuro, completamente cúmplices. Parceiros no crime, continuação um do outro, mas livres.
Não acredite nos discursos negativos daqueles que nunca amaram outra pessoa a não ser a si próprios, nenhum relacionamento mais profundo é possível para eles, nunca será. Nem todos são egoístas só porque você é. 
Abra sua cabeça e saiba que nunca vai receber mais da vida do que quando começar a se doar.
Não acredite no cinismo da maioria, não deixe que ninguém estrague a sua experiência amorosa minimizando-a só porque nunca aconteceu com eles. Não permita que ninguém te diminua porque você escolheu casar. Não deixe ninguém amargar a sua doçura.
Vá por mim, eu quase acreditei em bobagens que ouvi de pessoas que gostariam de encontrar o que eu encontrei e lutei para ter.
Não deixe que ninguém faça as borboletas no seu estômago pararem ou distorça a sua percepção de que há muita beleza no mundo e nas pessoas e, acima de tudo, amor.

março 03, 2014

Ironia

Foi quando deixei-me perder para amar alguém que finalmente pude encontrar a mim mesma.

fevereiro 28, 2014

C*zices ou confissões alheias de inferioridade


A maior decepção que tive depois de certa idade foi notar que algumas pessoas próximas estavam torcendo para que eu fosse infeliz.  Pode parecer mesmo ingenuidade, mas eu lembro das minhas amigas de infância e adolescência e nosso relacionamento: podíamos querer as mesmas coisas, sentir ciúme de outras, mas existia esse acordo silencioso de respeito mútuo e carinho, mesmo quando brigávamos.
Foi somente há alguns anos atrás que me deparei com a inveja. Parece post clichê de Facebook, mas é a mais pura verdade. Acredito que tenha demorado muito para que eu pudesse identificar gente assim porque nunca tinha visto isso antes. Pode ser pura inocência minha, mas fico pasma.
Hoje em dia me deparo com gente que passava muito tempo comigo e simplesmente resolveu me ignorar porque casei, ou ainda, gente que se dizia absurdamente próxima e que não apareceu na minha comemoração de despedida antes de me mudar de país ou sequer me desejou felicidades. Nada. Nem um simulacro de civilidade.

Será mesmo que as pessoas estão se tornando tão infelizes que não podem mais estar em contato com a alegria de outras?

Que assustador.


fevereiro 12, 2014

Pensando para responder o próprio nome

Todo mundo que casa só aparece feliz e contente, enumerando momentos bons, construindo novas memórias, engordando, etc.
Vivencio tudo isso, mas ninguém te diz a dificuldade que é se acostumar com um novo nome, caso resolvamos mudar. Agora me pego com cara de bocó pensando antes de assinar, responder ou soletrar meu nome. 

Sinusite Idiota.

Coisa nova para mim é essa tal que conheci de passagem no ano passado. Não somos íntimas, mas a verdade é que nunca vi nenhum desses ites que fosse menos do que quase a morte. São horas sem respirar, que se tornaram dias e que, por consequência, completaram semanas. Tudo começa com a rinite e escala rapidamente para esse diacho de sinusite. É um mundo à parte, não há cheiro nem gosto e os sons ficam abafados pelos ouvidos latejantes. Noites em claro o vendo dormir e acordar para ir ao trabalho enquanto eu tento respirar. É um estar se afogando e sabendo que o socorro só vai chegar mesmo na sexta-feira, pois era o horário que o médico tinha. Enquanto eu sonho com uma caixa cheia de antibióticos milagrosos, a idiota da sinusite continua. A idiota da sinusite devia ter procurando um médico antes. A idiota da sinusite não sabe cuidar do próprio nariz, literalmente. A idiota da sinusite sou eu.

Idiota e fanha.

janeiro 31, 2014

Uma frase antes de dormir

Eu amo uma pessoa que consegue me fazer me sentir como se não houvesse espaço suficiente numa cama king size.

janeiro 09, 2014

We'll always have the blog.


Nunca o vi pessoalmente, mas sempre gostei de saber de sua existência. Andava descarregando palavras pela Internet, tímido, como que dentro de uma concha. Através do que escrevia é que nos deixava espiar por uma fresta a pessoa que estava lá dentro. Eu fui só mais uma das pessoas que aceitaram o convite para dar uma olhada e o que eu vi foi tão bonito!
Viveu ali por um momento uma síndrome de "patinho feio", inocente que era, acreditava em tamanha besteira. Sempre foi lindo, mesmo quando era hesitante com as palavras. Cresceu e se tornou esse homem de evidente beleza, a fragilidade deu lugar a uma força que eu jamais poderia produzir, travou grandes batalhas e venceu cada uma, até a maior de todas. 

Quase não o vejo mais, mas ontem mesmo me mandou um recado: mandou que eu voltasse a escrever aqui.  

novembro 27, 2013

Ne me quitte pas

Que engraçada essa necessidade de escrever o que for. Um vício em se expressar, amor por palavras que muitas vezes nem sei articular. E o mais estranho: achar que elas devem estar sempre aqui, nesse endereço e sob aquele título.

 Será que algum dia deixarei mesmo o Cera Quente?

 Começo a duvidar...

outubro 23, 2013

Bitches, please.

Quando você se casa tem sempre pessoas que te olham torto, como se você estivesse se submetendo a algo que te inferioriza e tem o outro grupo que te deseja boa sorte. Tento entender, mas juro que não consigo. Desde quando escolher viver com quem se ama é machista? E pior: se a pessoa acha que casamento é questão de sorte, está explicado porque seus relacionamentos são falidos. A única sorte é achar alguém com quem nos identificamos, o resto é trabalho árduo todo dia. Se relacionar com outros seres humanos é sempre trabalhoso, imagine com aquelx que vive sob o mesmo teto, dividindo tudo...

outubro 21, 2013

Bocejo

O tempo passa e a minha preguiça permanece imutável. 

Eu tenho preguiça de gente. Muita. Tanta que me faz contrair o rosto em uma careta.

A minha preguiça se estende principalmente aqueles que ficam dando lição de moral pela internet, se achando especialistas em política, altamente cultos e comedidos por só compartilhar coisas "interessantes", gente que tem aquela postura de "eu-não-sou-um-desses-retardados-que-amam-internet", mas segue querendo atenção nas redes sociais, gente que é incapaz de fazer um elogio, gente que espera que você dê atenção, mas que não pode parar para escutar outrem por minutos, gente que deixa de falar com você porque não aguenta te ver feliz, gente que não sabe interpretar o que lê e já vem com dez pedras na mão, indivíduos que ficam procurando defeitos para apontar nos outros, pessoas que são infelizes e querem espelhar sua vida na delas, gente que vive de aparências, que é obcecada com o que os outros vão pensar, gente que quer controlar o corpo alheio, etc. 

Eu queria terminar esse post com uma sábia frase cheia de humildade, que fizesse esse tipo de pessoa pensar, mas... Sinceramente? 

Tenho preguiça.


outubro 17, 2013

Meu marido

Até agora me causa estranhamento a palavra marido, mais ainda quando vem acompanhada de "meu". É irônico já que esperei por tantos anos para estar ao lado dele. Agora que estou aqui, me sinto tão engraçada dizendo qualquer frase que contenha "meu marido". O mais estranho é que ele se sente completamente à vontade com o meu título. "Nós já estávamos casados na minha cabeça, há anos", diz ele.  Também me sinto igual, mas ainda assim continuo sendo a mesma - aquela que está sempre lutando contra convenções. Pura criancice! Convenções já me provaram que podem ser incrivelmente divertidas e deliciosas.

Meu marido é um cara absurdamente quieto, um sujeito que é de poucas palavras, mas às vezes tem tiradas que me fazem gargalhar. 
Meu marido é um homem engraçado e pouca gente sabe disso.
Meu marido não conhece o conceito de privacidade, chega do trabalho abrindo portas querendo me ver, está sempre com saudades. 
Meu marido acha tudo que eu faço na cozinha ótimo, mas não gosta muito de cozinhar como me disse (propaganda enganosa, hein!?).
Meu marido é um cara muito focado, nada quebra sua concentração quando ela é necessária.
Meu marido é a pessoa mais pró-abraço que conheço, às vezes cozinho com ele agarrado à minha cintura. 
Meu marido faz declarações de amor do nada e por nada. 
Meu marido adora jogar no computador e ser o grande nerd que ele é, não sente a menor vergonha disso.
Meu marido acha todas as minhas piadas engraçadas, gargalha inclinando a cabeça para trás.
Meu marido tem o hábito irritante de sentar para assistir TV comigo e assistir hockey no celular ao mesmo tempo.
Meu marido dorme em um milésimo de segundo, é quase sobrenatural.
Meu marido dirige como um maníaco ouvindo música eletrônica.
Meu marido é esse poço de características e mistérios - novos e conhecidos.
Meu marido é o cara que disse "I do" na cerimônia de casamento antes da hora porque tinha pressa de ser, além de todo o resto que ele é, simplesmente MEU MARIDO.


outubro 16, 2013

O facebook é como uma janela constantemente aberta com vista para a vida de outrem.

janeiro 07, 2013

junho 09, 2012

All we need IS love

Chega de falar mal do amor.  All is full of love, you just ain’t receiving, já dizia Björk.
Ele existe e está por toda parte para aqueles que estão dispostos a alimentá-lo. Sim, deixar o amor entrar é uma decisão que precisa de consideração prévia, é quase como adotar uma criança: tem que cuidar, nutrir, errar, aprender para finalmente acertar e daí começar tudo de novo. É tão comum ver as pessoas reclamando de seus relacionamentos frustrados, casamentos terminados, ódios, mágoas e raivas nunca tratadas, mas como fazer funcionar uma relação na qual privilegiamos só os nossos interesses? Ou ainda, um relacionamento iniciado em algum joguinho psicológico pré-estabelecido feito para que fiquemos sempre no comando da situação? 
Tenho uma novidade para vocês: não existe capitão numa relação se esta for baseada em amor. Não mesmo. Quem acredita nisso está condenado a vagar por aí catando os pedaços de seus iguais  – gente que posiciona o orgulho à frente de tudo. E convenhamos: quão patético é isso? Ter orgulho de saber as regras de um jogo que nunca existiu?
No fim das contas, a única coisa que levamos dessa vida é o amor que damos e recebemos. Deve ser muito triste morrer sem ter se permitido, porque amar dói e cura as feridas ao mesmo tempo. 
Percebo que as pessoas se incomodam quando se deparam com pessoas que  são felizes juntas, há sempre um desdém, uma teoria, um argumento, uma palavra que vá diminuir ou desencorajar o sentimento de outrem ou o que for. 
É muita energia empregada a serviço da mediocridade: parem tudo, amem e deixem-se amar.
Não importa a quantidade de bens materiais que você possui ou quão descolado que você tenta parecer, sinto muito te dizer que tudo isso é uma maneira de sublimar a falta que o amor te faz.
Eu digo por experiência própria: nenhuma aventura pode ser mais empolgante do que essa de se entregar por amor e descobrir que é amado também. Não há um dia que eu não agradeça por não ter morrido antes de saber do que estou falando. E pra aqueles que sempre tentaram desacreditar o que tenho com meu significant other, eu só desejo que um dia seu cinismo dê lugar ao amor.

Não é o amor que é impossível. É você que tem preguiça/medo de tentar. 



janeiro 14, 2012

É estranho como tudo funciona uma vez que deixamos para trás aqueles que gostam de nos botar pra baixo.

novembro 12, 2011

E se o casamento fosse hoje...

Sapatos azuis, abotoaduras em formato de joystick, terno cinza, convites vintage,
cupcake delicado, vestido vintage (anos 50), bolo dois andares rosa (o bolo é esse!),
gaiola vintage para decoração, buquê de cravos importados cor-de-rosa, inspiração em rosa e azul.


Clica na foto que aumenta.

novembro 07, 2011

Dezembro vem aí. E Cancún também...

E eu que mal viajo, estou na contagem regressiva para conhecer Cancún com meu digníssimo. E apesar dos inúmeros comentários que ouvi de algumas pessoas sobre como qualquer gato e cachorro vão para lá, só tenho a dizer que a cadela aqui ainda não teve o prazer. Ademais, não achei nada mau ficar pegando sol a semana inteira de papo pro ar num hotel "horroroso" como o que escolhemos. Por que as pessoas sempre se incomodam com a felicidade das outras, né? Eu hein?!

outubro 13, 2011

Do medo

Acho interessante como a humanidade está ficando destemida, pelo menos é o que ouço em todos os lugares. Hoje em dia todo mundo é foda, desbravador, sem papas na língua, corajoso, ninguém se prende a sentimentos inúteis como o amor, é melhor bater antes de levar, deixar antes de ser deixado, magoar antes de ser magoado, eliminar sentimentos que possam enfraquecer e todos são muito felizes assim, com suas roupas e personalidades que se enquadram perfeitamente no conceito de fodões.
Eu não me identifico. Eu tenho medo de várias coisas. De barata, de escuro, de fantasma quando estou sozinha, de perder quem eu amo, de magoar pessoas queridas, da violência da minha cidade e, acima de tudo, de passar a me identificar com os fodões. Acho também que não se leva nada da existência que não seja o sentimento que cultivamos pelas pessoas. Eu amo mesmo e pulei de cabeça, nunca achei que havia outra opção. E assim, de dentro do meu medo, eu valorizo coisas que são consideradas inúteis. Não quero competir, mas algo me diz que sou mais feliz do que quem nunca perde a pose. Eu perco. Sempre.

agosto 19, 2011

Dia Internacional da Fotografia

Parabéns para mim, aspirante a fotógrafa, e para todos os fotógrafos pelo dia de hoje.




"Para mim, fotografia é o reconhecimento silmutâneo, em uma fração de segundo, da significância de um evento." 

- Henri Cartier-Bresson 






















 “Então em dado momento eu não precisei traduzir as notas; elas foram direto para minhas mãos.”

– Francesca Woodman







“Fazer uma boa composição de um tema significa nada mais do que vê-lo e mostrá-lo da maneira mais intensa possível."



- Edward Weston 












Ele inventou a alegria.







“Eu tiro fotografias com amor, então tento transformá-las em obras de arte. Mas faço-as para mim primeiro e acima de tudo - isto é importante."



- Jacques-Henri Lartigue