setembro 05, 2014

Terror

O que não te dizem na vida é que casas estalam e fazem barulhos. Você se muda pra uma e leva toda a sua bagagem de filmes de terror e suspense já assistidos. Daí começam os estalos, a madeira rangendo e a água que pinga às vezes...Você passa a se lembrar do filme mais estúpido que já assistiu - e até riu debochando. Filmes de terror são bons assim porque voltam para te assombrar até mesmo quando são ridículos. 

Isso ou o ridículo é você - quando digo você, só quero fingir que não sou eu.

agosto 11, 2014

Insônia

Eu acho a Marcha Fúnebre (Chopin) uma das músicas mais lindas já compostas na história da humanidade.

Me julgue.

julho 18, 2014

Lenitivo

Eu sempre penso nas palavras da minha mãe sobre o meu primeiro dia de aula quando era pequena. Ela conta que não chorei, apenas acenei pra ela e fui em frente cheia de coragem e alegria por estar lá. Eu fui feliz até descobrir que por não ser igual às outras crianças, eu era tratada diferente. Passei a chorar todo dia para ir pra escola, até atingir uma idade em que chorar seria vergonhoso. Observava pela janela da sala de aula do jardim de infância, esse menino que era absolutamente enorme, tinha medo dele e o considerava sortudo porque ouvia as outras crianças dizendo que ele era extremamente forte e batia em todo mundo.   

A minha puberdade foi um inferno em todos os sentidos que se possa imaginar, mas os piores momentos foram na escola de freiras onde eu estudava. Sendo uma das únicas meninas negras da escola inteira, eu me via sofrendo bullying diariamente, sendo xingada, diminuída, comparada com as outras meninas negras para decidirem qual de nós era mais aceitável. As meninas me consideravam como alguém inferior, uma coitada, que elas acolhiam por pura bondade e os meninos sequer olhavam para mim, salvo quando estavam me dando algum apelido pejorativo ou me humilhando. Naquela época eu lembro de me esconder atrás dos meus brinquedos para não ter que lidar com o sentimento de inadequação, sentia que existia alguém para todo mundo, exceto para mim e achava que viveria uma vida de perseguição e humilhação.

Uma tarde, em algum tempo vago, permaneci na sala de aula enquanto a maior parte da turma se divertia no pátio. Fiquei jogando com aquele menino que outrora tinha achado temível e sortudo, ele era meu colega de classe e era excluído pelo resto da turma também, mas ninguém faltava com o respeito porque ele continuava muito alto e forte. Em algum momento do jogo, ele parou, me olhou nos olhos e falou: “Um dia eu me casarei com você." Surpresa, eu não sabia como agir. Só sorri e continuamos jogando. 

Hoje, casada, me lembro sempre dele. Não porque acho que deveríamos estar juntos, mas por ter sido ele a primeira pessoa a me fazer acreditar que ser amada seria possível. 



julho 07, 2014

Facepalm

Me pergunto porque sigo errando coisas que já estou careca de saber. Como por exemplo: achar a vaga de emprego sob medida para meus interesses, perder uns dias criando um currículo perfeito, cover letter, arrumando site e perdendo a vaga porque alguém mandou o currículo antes. Obviamente.

junho 03, 2014

Dexter

Dexter é um cão branco, um filhote de American Eskimo. Nós compramos essa criaturinha antes mesmo de comprarmos nossa mobília, ele é um dos nossos primeiros grandes projetos dentro do casamento, ele é nosso bebê, e sempre será, antes de termos filhos, é uma bolinha de pelos e amor incondicional que morde às vezes, achando que é brincadeira. 

Esse carinha é quem conseguiu roubar os nossos corações e transformou o medo de cachorros do meu marido em amizade e carinho. Ele é assim praticamente perfeito em seus quase quatro meses de vida e sua semelhança com vários animais diferentes.

Seu único defeito é ter uma expectativa de vida de somente 15 anos que faz meu peito ficar pesado, mas aí ele vem, orelhas para trás, pedir colo e me lembro de aproveitar o agora, assim como só os cachorros sabem fazer.

maio 08, 2014

Mais amor, por favor

Não acredite em todas as coisas ruins ditas sobre casamentos. A verdade é que enquanto os amargos teorizam sobre sua falta de experiência ou maus momentos, eu e ele nos sentamos no sofá no fim do dia abraçados, nosso cachorro deitado em nossos pés, e fazemos planos para o futuro, completamente cúmplices. Parceiros no crime, continuação um do outro, mas livres.
Não acredite nos discursos negativos daqueles que nunca amaram outra pessoa a não ser a si próprios, nenhum relacionamento mais profundo é possível para eles, nunca será. Nem todos são egoístas só porque você é. 
Abra sua cabeça e saiba que nunca vai receber mais da vida do que quando começar a se doar.
Não acredite no cinismo da maioria, não deixe que ninguém estrague a sua experiência amorosa minimizando-a só porque nunca aconteceu com eles. Não permita que ninguém te diminua porque você escolheu casar. Não deixe ninguém amargar a sua doçura.
Vá por mim, eu quase acreditei em bobagens que ouvi de pessoas que gostariam de encontrar o que eu encontrei e lutei para ter.
Não deixe que ninguém faça as borboletas no seu estômago pararem ou distorça a sua percepção de que há muita beleza no mundo e nas pessoas e, acima de tudo, amor.

março 03, 2014

Ironia

Foi quando deixei-me perder para amar alguém que finalmente pude encontrar a mim mesma.

fevereiro 28, 2014

C*zices ou confissões alheias de inferioridade


A maior decepção que tive depois de certa idade foi notar que algumas pessoas próximas estavam torcendo para que eu fosse infeliz.  Pode parecer mesmo ingenuidade, mas eu lembro das minhas amigas de infância e adolescência e nosso relacionamento: podíamos querer as mesmas coisas, sentir ciúme de outras, mas existia esse acordo silencioso de respeito mútuo e carinho, mesmo quando brigávamos.
Foi somente há alguns anos atrás que me deparei com a inveja. Parece post clichê de Facebook, mas é a mais pura verdade. Acredito que tenha demorado muito para que eu pudesse identificar gente assim porque nunca tinha visto isso antes. Pode ser pura inocência minha, mas fico pasma.
Hoje em dia me deparo com gente que passava muito tempo comigo e simplesmente resolveu me ignorar porque casei, ou ainda, gente que se dizia absurdamente próxima e que não apareceu na minha comemoração de despedida antes de me mudar de país ou sequer me desejou felicidades. Nada. Nem um simulacro de civilidade.

Será mesmo que as pessoas estão se tornando tão infelizes que não podem mais estar em contato com a alegria de outras?

Que assustador.


fevereiro 12, 2014

Pensando para responder o próprio nome

Todo mundo que casa só aparece feliz e contente, enumerando momentos bons, construindo novas memórias, engordando, etc.
Vivencio tudo isso, mas ninguém te diz a dificuldade que é se acostumar com um novo nome, caso resolvamos mudar. Agora me pego com cara de bocó pensando antes de assinar, responder ou soletrar meu nome. 

Sinusite Idiota.

Coisa nova para mim é essa tal que conheci de passagem no ano passado. Não somos íntimas, mas a verdade é que nunca vi nenhum desses ites que fosse menos do que quase a morte. São horas sem respirar, que se tornaram dias e que, por consequência, completaram semanas. Tudo começa com a rinite e escala rapidamente para esse diacho de sinusite. É um mundo à parte, não há cheiro nem gosto e os sons ficam abafados pelos ouvidos latejantes. Noites em claro o vendo dormir e acordar para ir ao trabalho enquanto eu tento respirar. É um estar se afogando e sabendo que o socorro só vai chegar mesmo na sexta-feira, pois era o horário que o médico tinha. Enquanto eu sonho com uma caixa cheia de antibióticos milagrosos, a idiota da sinusite continua. A idiota da sinusite devia ter procurando um médico antes. A idiota da sinusite não sabe cuidar do próprio nariz, literalmente. A idiota da sinusite sou eu.

Idiota e fanha.

janeiro 31, 2014

Uma frase antes de dormir

Eu amo uma pessoa que consegue me fazer me sentir como se não houvesse espaço suficiente numa cama king size.

janeiro 09, 2014

We'll always have the blog.


Nunca o vi pessoalmente, mas sempre gostei de saber de sua existência. Andava descarregando palavras pela Internet, tímido, como que dentro de uma concha. Através do que escrevia é que nos deixava espiar por uma fresta a pessoa que estava lá dentro. Eu fui só mais uma das pessoas que aceitaram o convite para dar uma olhada e o que eu vi foi tão bonito!
Viveu ali por um momento uma síndrome de "patinho feio", inocente que era, acreditava em tamanha besteira. Sempre foi lindo, mesmo quando era hesitante com as palavras. Cresceu e se tornou esse homem de evidente beleza, a fragilidade deu lugar a uma força que eu jamais poderia produzir, travou grandes batalhas e venceu cada uma, até a maior de todas. 

Quase não o vejo mais, mas ontem mesmo me mandou um recado: mandou que eu voltasse a escrever aqui.