agosto 02, 2007

Travessia

Passando de carro pelo local do acidente, viu cada pedaço retorcido de metal e os restos de vidro quebrado. Pequenos quadrados tal qual diamantes brilhando contra o sol. Os dois corpos estendidos já cobertos com plástico preto. A mão de um deles, descoberta, poderia ser esmagada por um carro a qualquer momento. Olhou bem aquela mão e a reconheceu.

A marca de nascença nas costas da mão parecendo o mapa da Itália. Mesma posição, mesma mão. Exatamente aquela mão que tinha beijado tantas vezes, chupado os dedos, segurado ao andar pelas ruas. A mesma maldita mão que acariciou seu cabelo, amparou suas quedas, pousou em seu pescoço, tocou seus lábios, massageou seus pés, brincou com seu umbigo, segurou seus seios, lhe puxou pela cintura, serpenteou entre suas coxas, adentrou, criou as mais intensas sensações em seu corpo e um dia lhe acenou um adeus indiferente.

Com olhos marejados, ela acenou de volta timidamente para o corpo estendido. Posicionou as únicas mãos que tinha naquele momento no volante e foi em frente.

Finalmente.

English Version

6 comentários:

Anônimo disse...

Putsa! TO vendo o sol, o ònibus passando lento e todas as caras vendo o acidente.
A mancha italiana. Grande sacada. Eu já vi isso. Não era um país, era uma fruta, uma amora no antebraço.

Anônimo disse...

lindo leela... lindo!
preciso aprender a ir em frente... coisa!

Anônimo disse...

bonito dona leela....

e tráfico T_T




mana

Ps: estava no trampo por isso q naum pude responder
bjocas
Ps2: T_T ainda estou no trampo

manu disse...

=~

manu disse...

ah, e quero agradecer carinhosamente o link para o meu blog no CQ. obrigada pelo carinho e pelas mensagens. beijos!

Jade Maranhão disse...

seguir em frente...

deu pra sentir a dor dela aqui.