fevereiro 17, 2009

Eu, Dima e Fifi

Eu já devo ter mencionado em algum momento que meu namorado é russo. Ou não. Enfim, o fato é que ele é. Morou na Rússia até 16 anos de idade e por isso, é bacana identificar a diversidade cultural, a diferença de hábitos e coisas assim. Aprender um pouco da língua e da cultura é inevitável e divertido também. Só comecei assim, porque eu queria falar sobre um dos meus bloqueios.
Pois bem, eu nunca conseguia ler Dostoiévski porque eu achava cansativa demais a variedade de nomes e apelidos de seus personagens. O resultado é que eu sempre pensava estar lendo a respeito de uns 16 indivíduos, quando na verdade só existiam 8. Eu nunca engoli minha má vontade com o autor.
Então conheci meu namorado, que inclusive NÃO gosta do famigerado Fiodor. Um cara chato de escrita pretensiosa e exageradamente prolixa, disse ele. Depois de um ano e lá vai fumaça (que termo mais cafona: AMO!) de namoro, dá pra afirmar que comecei a pegar os processos da língua russa (muito mais parecida com português do que você pensa), entender a lógica do idioma, me acostumar com o fato de que apelido de homem muitas vezes termina com "A" - como meu namorado, por exemplo, que é chamado de Dima e eis que compro um livro. Adivinha de quem? Fiódor Dostoiévski (grafia que segundo minha outra metade está muito errada mesmo).
Ontem ao voltar para casa, anunciei:

- Estou lendo Fifi. Finalmente!

- Quem? Dostoiévski?

- É!

- Fifi? - claro que ele está morrendo de rir (Não sei de que, já que Fedya soa muito mais esquisito, tá bom?).

- Estou gostando, um cara engraçado esse Fifi, cheio de firulas para escrever e não entregar a parte boa antes da hora.

Mudança radical efetuada. Recomendo muito Irmãos Karamazov, o livro de Fifi que estou lendo agora. É possível achar publicações baratas com ótimas traduções diretamente do original.

8 comentários:

Gemini disse...

Pensava que você já tinha lido "Fifi",rsrsrs... Irmãos Karamazov já li também, mas confesso que na parte lá do monge que morreu eu pulei muuuuitas páginas. Ah é, lembrei de um conto supostamente erótico intitulado "Os irmãos, cara...mas, oooh!", muito horrível, horrível mesmo. Nada a ver , mas tudo bem.

Márcia Engel disse...

"Fifi" foi demais mesmo... ahahaha.
Também nunca li nada de Fifi, sempre começo e acho muito cansativo. Mas quem sabe? Meus professores de literatura sempre diziam que a leitura que fazemos de uma obra muda conforme o tempo passa. Um dia eu encaro Fifi também... rs.

Beijos!


Andrea Dias
disse...

Já fiz o lance do selinho do blog.
Agora me empolguei a blogar de novo, bjo.

cks disse...

hahahahaha... Fifi foi ótEmo.

Tb non tenho saco com autores russos, non. Comprei Anna Karenina há anos e não consigo.

Vai ver tenho que arrumar um namorado russo tb... he he

Anônimo disse...

Pois então. Eu comecei a ler "Os Irmãos" do Fifi, mas fui ficando confusa. É claro que pensei que confusa era apenas minha cabeça (eu sempre penso isso), em vez de pensar que uma certa (no sentido de certamente presente) diferença cultural dificultava as coisas. Aí larguei.
Tinha hora em que eu pensava: mas quem é esse irmão aí? Aí ficava grilada, pensando que meu neurônios têm andado meio lesados. De repente até estão mesmo, mas foi meio que um aliviozinho ler esse seu texto. Gostei do blog.

Abraços,

Mônica.

Ella disse...

Adoro ler... adoro adoro adorooo... E agradeço a recomendação ai no testo do livro!
Fico feliz de ter aberto para novas situações a vida é assim mesmo, o melhor dela é sempre está aberta sem preconceitos a novas situações... Vir aqu em seu blog o filme sete vidas... "fuçei pra caramba né" haha... Então eu quero t indica o filme "sim senhor" É um filme mara que ainda está em cartaz e que me fez lembra de vc agora... Ahh desculpe ai a invasão estava sobrevoando os blog's alheis e cair de pará quedas aqui

Bjokasss e vou acompanha seu blog q achei maraaa...

;**

Diego Leão disse...

hahaha!

Fifi? o.O

Bem... Já tive a oportunidade de ler duas obras dele: Notas do Subterrâneo e O Jogador.

Na época eu era muito moleque e minha leitura talvez tenha sido bem deformada (se é que existe isso), mas lembro que me apaixonei profundamente pela forma com que ele conseguia caracterizar os personagens...

Sempre de uma maneira muito intensa e profunda. Levo até hoje a leitura comigo... Apesar de todo o tempo que já passou.


Beijos
.

http://solucomental.blogspot.com

Leela disse...

Gemini: Eu já tinha lido Tolstoi, mas Fifi, não. Que trash essa lembrança pseudo-erótica! Hahah!!

Marcia: O apelido é só pra zoar o uso que o próprio Dostoyevsky faz de apelidos e meu namorado que morre de rir quando eu explico para ele que os apelidos russos não tem a menor lógica para nós. Fifi teria lógica por aqui, né? Ou isso ou Fiodorinho...

Dea: Já te linkei! EEE, de volta aos velhos tempos!

Carla: Fifi é mais bonito que Fedya, né? Seria isso aí em russo. :))
Meu namorado tem irmão, viu?

Mônica: Dê mais uma chance pro Fiodorinho... Obrigada pela visita, espero que volte sempre. :)

Diego: Então, Fifi é um trocadilho. É um apelido brasileiro para um russo, já que é cultural e muito forte essa coisa de apelidos entre o povo russo. Cada nome tem seu apelido pré-estabelecido. É uma brincadeira com meu namorado :))
Quanto ao Fifi propriamente dito, eu concordo que sua maneira de descrever um personagem é muito interessante, ele vai ao âmago, faz uma análise psicológica perfeita. Entretanto, como todo escritor realista, é muito moralista e torna-se muito parcial e talvez até limitado por isso.